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Quando pensamos em impacto ambiental, e principalmente, em sustentabilidade na moda, não pensamos de maneira cíclica - a forma correta de exergar e lidar com os problemas. Porque ao usufruirmos de um produto, precisamos refletir sobre o ciclo de vida do mesmo -  da fibra têxtil à fábrica e daí ao consumidor, ao local de descarte e uma eventual reutilização.

E, é baseado nos livros "Moda e Sustentabiliade" e "Moda Ética para um Futuro Sustentável, que iremos mostrar como precisamos pensar e enxergar de maneira ampla e significante para solucionar problemas do passado e do presente que influenciarão o nosso amanhã. 

Moda e Sustentabilidade - Capítulo 10

  • Jéssica Goulart, Mayara Gandolfi
  • 8 de nov. de 2015
  • 7 min de leitura

Produção Local Sustentável

O quanto o local influi na economia, no ecossistema e na produção

Atualmente a maioria dos produtos comerciais são obtidos internacionalmente, visando uma produção mais econômica, a economia é a logica de produção e de distribuição, com isso o fator financeiro é o mais importante. O que implica no lugar onde as peças são feitas, porque não é pensado nos efeitos que a produção tem no meio ambiente, considerando então esse efeito como mais um custo do produto. Quando uma fabrica é instalada em uma região, eles monitoram pra acompanhar os impactos que ela tem no meio ambiente, nas pessoas, pra elevar os padrões da produção. Se produzíssemos roupas localmente reduziria com o transporte, criaria empregos locais e controlariam os efeitos ambientais, mas isso deixaria outros lugares sem emprego, já que em algumas regiões essa é a única fonte de renda, e essas oportunidades de empregos causam muitas mudanças. Quando os trabalhadores têm acesso aos seus direitos eles automaticamente ganham autoridade, e isso muda os valores na cultura da cadeia de fornecimento e na sociedade. O material tem um papel muito importante na agenda local, quando um produto é ligado a uma região pouco a pouco constroem o “fluxo de produtos” que domina o sistema de produção globalizado. Assim como e setor de alimentos, as famílias de agricultores tem dificuldade de competir com o preço da agricultura em grande escala e para frear esse acontecimento os agricultores criaram grupos de cultivo, quem impõe o valor mais alto nos mercados locais, fibras tradicionais, regionais, orgânicas e que não agridem os predadores encorajam a diferença na agricultura, e respeitam o ecossistema natural, assim ajudam a trazer fibras ao marcado e garantem o preço justo para os produtores.

Insecta Shoes

Insecta shoes são sapatos ecológicos e veganos produzidos no Brasil, com a junção de duas amigas (uma que tinha uma fabrica de sapatos e a outra um brechó), juntas elas decidiram reutilizar tecidos das roupas que não vendiam no brechó mas que tinham uma estampa interessante, modelagens grandes demais ou pequenas demais etc. Assim, com uma saia por exemplo, elas fazem apenas um par de sapatos, dando exclusividade ao produto.

Os Desafios do Trabalho Local


Para disponibilizar uma variedade de fibras locais e transformá-las em vestimentas é necessário haver setores adequados para a produção em pequena escala e todo esse processo é desafiador pois, nos países industrializados, a infraestrutura têxtil local foi prejudicada pela economia capitalista porque afastou a produção desses países (que tem a mão de obra cara).

Além disso, para essa produção local funcionar é preciso existir consumidores que justifiquem tal produção, assim como um produto que seja atraente até mesmo para aqueles consumidores que não procuram produtos sustentáveis.

No norte da Europa isso significaria roupas de lã, fibras de líber e material reciclado (processado por uma rede cada vez menor de empresas especializadas, que lidem com pequenos volumes). No norte da Califórnia significaria uma combinação de lã, alpaca e um pouco de algodão fiado à mão (pois lá não existem maquinas apropriadas).

A confecção de peças dessas regiões seria simples, já que os custos com mão de obra são altos, então é trabalho do design local ser criativo em vários níveis para que tudo funcione na prática.


Khogy


Uma dupla de designers que obteve sucesso nesse processo foi Jenny (pessoa criativa) e sua prima Caroline (pós-graduação em negócios internacionais) que durante os últimos anos, foram levando uma vida nômade simples, incorporando o conceito de "escritório portátil" em diversos lugares. Cansadas da hipocrisia das grandes empresas quanto aos padrões éticos de pordução, a intenção do duo de designers é desafiar idéias preconcebidas sobre o consumo e inspirar a ação ambiental com acessórios feitos a partir de materiais residuais 'locais'. Para tanto, elas trabalham em diversos setores da cadeia produtiva, formando pontes entre coorporações, ONGs, produtores, investidores, artesãos e suas comunidades de forma justa e visionária.




O Design a Favor da Cultura Local

É preciso conhecer as prioridades locais para que a sustentabilidade seja relevante para a moda. Mas a globalização é atraente e a produção regional tende a se uniformizar às tendencias ocidentais independente da cultura e estética de onde são feitas/vendidas. E os designers são cúmplices disso pois muitas vezes se inspiram em uma região e copiam isso para outra onde se produz com menor custo. Isso reduz o elemento cultural a apenas um ornamento superficial, menosprezando tecnicas e patrimonios culturais, necessidades dos produtores e acelera a padronização de mercados e produtos. Ao invés de obter o menor preço de produção a todo custo, o design deve estudar a cultura, tradições, mitologia, simbolismos, cores e ornamentos locais de forma sensível. Isso se apoia em materiais próprios da região e nas habilidades que os moradores já possuem.

A mudança na forma de produção ao qual o mercado está acostumado ainda assusta um pouco. Mas valoriza o contato humano, pois passa a ter contato e conhecer a pessoa que está executando a peça, tornando o processo muito mais pessoal. É também um serviço muito rico culturalmente, pois carrega as particularidades da região, aquilo que o artesão conhece, as técnicas do povo.

Para isso deve existir um desenvolvimento do artesão por parte do estilista, porque muitas vezes o artesão possui alguns limites culturais e cabe ao designer conciliar essas limitações e apresentar o que o mercado procura.

Apesar de o mercado valorizar empresas tradicionais, os grupos familiares mais bem sucedidos são aqueles que carregam as tradições daquela região.

Precisa existir todo um envolvimento entre artesão e estilista, e não que as pessoas sirvam somente de mão-de-obra, para que o produto não se torne comum, não parece que foi fabricado em qualquer lugar, mas sim com os seus diferenciais, suas características únicas e exclusivas.



Martha Medeiros


A estilista começou com uma loja multimarcas e aos poucos foi inserindo peças próprias, as clientes foram gostando e pedindo cada vez mais suas criações. Suas rendas são os grandes destaques das suas coleções.

Essas rendas são confeccionadas à mão por quase 200 mulheres, localizadas as margens do Rio São Francisco, que carregam técnicas passadas por gerações.

A estilista está sempre em contato direto com essas rendeiras, viajando até o local de trabalhando e ensinando técnicas diferentes. Ela sabia que no inicio seria um processo difícil, mas conseguiu trazer sofisticação para as rendas e está sempre ensinando técnicas que aprende em cursos na Europa. Resgatou também as técnicas portuguesas da colonização, perdidas com o tempo.

As artesãs não tem contrato de exclusividade com a estilista, assim, auxiliadas pelo Sebrae ela podem comercializar as suas rendas, e com o aprendizado valorizá-las e colocar valores mais elevados e compatíveis aos seus trabalhos.



Cheryl Andrews


O estilista trabalhou com técnicas, matérias-primas, silhuetas, estampas e cores de uma região nas Filipinas, sempre pesquisando e respeitando seus significados. As peças criadas eram voltadas para aquela região, levando em consideração: fibras, habilidades tradicionais, cores, estampas, silhuetas e até o clima da região.

Um exemplo disso são as bainhas das saias confeccionadas em borracha para resistirem aos respingos de chuva, devido ao clima da região ser de monções, portanto muito chuvoso. Ele é um exemplo de designer que conseguiu conciliar ao mesmo tempo o que o local oferecia, porém sem perder a identidade da marca. E essas peças inseridas em outros lugares diferentes de onde foram produzidas, também funcionavam muito bem, eram aceitas.

Foto: Croquis de Andrews para a coleção citada acima.

Associação Cojolya


Por mais de dois mil anos, as mãos hábeis de tecelãs Maya têm transformado fios em têxteis – tradição passada pelas mulheres de geração em geração. Hoje o tear de cintura é uma forma de arte Maya intacta, apesar de séculos de dominação persistente e racismo sistêmico.

Durante a recente guerra civil, homens maias foram considerados guerrilheiros. Vestindo roupas tecidas a mão, sinalizando sua identidade étnica e colocando-os em risco de violência.

Alem disso, a demanda de roupas baratas dos Estados Unidos fez com que as pessoas não procurassem mais por roupas tradicionais. Embora muitas mulheres Maya se adaptaram tecendo para um mercado turístico ainda precisam competir com teares mecanizados modernos que fabricam peças a baixo custo.

Foi quando surgiu uma organização sem fins lucrativos chamada Cojolya Association of Maya Women Weavers em 1983 com a ajuda de Candis Krummel, uma designer americana, Elena Soujuel, uma tecelã e Antonio Ramírez Sosof, um residente Maya de Tz’utujil de Santiago Atitlán, com uma visão para melhorar sua cidade natal.

Juntos, Candis e Antonio passaram a primeira década de Cojolya colocando as capacidades do tear de cintura ao limite, a fim de comercializar têxteis Maya para designers de interiores internacionas. Usando desenhos tradicionais Tz’utujil como base, eles inovaram com novos padrões e larguras maiores de panos que antes não eram tecidas.

Dedicado à preservação do tear de cintura e as tradições que o cercam - e não apenas como uma relíquia histórica, mas também como uma empresa viável - a Associação Cojolya oferece uma maneira para estas artistas qualificadas a receber um salário mínimo com a produção de seus tecidos. A Associação também visa facilitar o desenvolvimento profissional de cada uma das tecelãs, fornecendo treinamento gratuito em áreas como costura, tingimentos, negócios, comunicação e design.

Para manter um alto padrão, o centro fornece também ás mulheres o urdimento á no tear, que elas levam para a casa para terminar a trama. Trabalhar em casa minimiza a interrupção da rotina diária das mulheres e lhes permite cumprir suas obrigações familiares.

Em meados da década de 90, em busca de uma fonte de renda estável para os seus tecelões, Cojolya mudou seu foco de design de interiores para a sua concentração atual em moda e acessórios para casa. Em 1997, Cojolya abriu sua primeira loja de comércio justo na cidade de Santiago Atitlán. Nos anos seguintes, Cojolya mudou várias vezes para expandir a loja e introduziu novas linhas de produtos, parcerias e uma loja online. Hoje a Associação Cojolya comercializa produtos em quatro continentes, e são membros da Organização do Comercio Justo desde 2012.

Khamir


A ONG Khamir trabalha para fortalecer e promover as ricas tradições artesanais do distrito Kachchh. Nascido em 2005 como uma iniciativa conjunta da Kachchh Nav Nirman Abhiyan e da Fundação para o Desenvolvimento Nehru (Nehru Foundation for Development). Hoje, ela serve como uma plataforma para a promoção do artesanato tradicional e práticas culturais e os processos envolvidos na sua criação e a preservação da cultura, comunidade e meio ambiente local.

A ONG Khamir se esforça para criar um espaço democrático e empoderado - um telhado comum abrigando uma série de partes interessadas para que possam trocar ideias e colaborar. Trabalham para mudar as perspectivas de consumo e elevar o valor cultural colocado no artesanato. Um sustentável setor de artesanato indiano no qual artesanato e artesãos são altamente valorizados por pessoas em todo o mundo.


 
 
 

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